Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e do Meio Ambiente

Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia Instituto de Geociências - UFBA

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Defesa - Hidrogeologia e Vulnerabilidade do Aquífero Cárstico Salitre, na Bacia Una-Utinga

Defesa Pública de Doutorado de Renilda Fátima Gonçalves de Lima
Título: Hidrogeologia e Vulnerabilidade do Aquífero Cárstico Salitre, na Bacia Una-Utinga
Data: 09 horas, Sexta, 26 de Julho de 2019.
Local: Auditório Yeda / IGeo
 
Resumo: A Bacia Una-Utinga (BUU), localizada na região central do estado da Bahia, abriga um importante sistema aquífero cárstico, correspondente à Formação Salitre, cujas rochas carbonáticas datam do Neoproterozoico e se dividem em Unidades Gabriel/Nova América e Nova América subunidade Lapão. Este trabalho visa apresentar uma caracterização hidrogeológica pioneira para a área, com vistas nas questões de hidroquímica, isotópica, de transmissividade e vulnerabilidade do aquífero Salitre na BUU. Para a hidroquímica, utilizou-se dados químicos de 35 poços tubulares coletados na área, analisados no LEPETRO/UFBA, e 17 amostras provenientes do banco de dados da CERB. A análise isotópica foi realizada a partir de amostras coletadas em 36 poços e executada no laboratório de Física Nuclear/UFBA. A transmissividade foi calculada pelo método analítico de Theis e recalculada empiricamente por análise estatística. Para uma melhor resposta da cartografia de vulnerabilidade, foi necessário obter previamente um índice de carstificação da superfície, feito a partir do mapeamento de densidade de dolinas e lineamentos estruturais. Por fim, a vulnerabilidade foi avaliada através dos métodos COP e PI, a fim de se fazer uma comparação de suas aplicações na BUU. Como resultados, obteve-se como tipologia da água 58% de águas bicarbonatadas, 23% cloretadas, 13% mistas e 6% sulfatadas. Quanto a potabilidade, o parâmetro analisado foi a salinidade e obteve-se 48% das águas dos poços doces, 33% salobras e 19% salgadas. Em relação aos isótopos, as amostras dividiram-se em dois grupos de assinaturas distintas, quando comparados δ18O e STD mg/L. Para transmissividade, a resposta deu-se como mapa potenciométrico da BUU, cujo fluxo geral das águas do aquífero Salitre tende para oeste. O índice cárstico gerou um mapa previsional de feições do exocarste e dividiu a área em classes de carstificação. As áreas com alto índice de carstificação foram denominadas ilhas cársticas e utilizadas de modo diferencial na avaliação da vulnerabilidade. Essas ilhas, em sua maioria, estão condicionadas à ocorrência da Unidade Nova América subunidade Lapão. A avaliação da vulnerabilidade pelo método COP apresentou 5 classes de vulnerabilidade, enquanto o PI quatro. A maior abrangência, em área, em ambos os métodos corresponde à classe de baixa vulnerabilidade. A litologia e feições cársticas de superfície se mostraram como fatores de maior influência na determinação da vulnerabilidade nos dois métodos. Diante desta gama de análises concluiu-se que (i)as tipologias, razões iônicas e potabilidade tendem a acompanhar o fluxo subterrâneo regional na BUU; (ii)o modelo espacial da transmissividade demonstra área de maior potencial na porção oeste da BUU; (iii)a aplicação do índice cárstico revelou excelente acuidade na expressão das feições superficiais do sistema cárstico; (iv)o método de vulnerabilidade COP apresentou uma resposta mais compatível com as características disponíveis para a BUU; (v)a análise combinada dos parâmetros hidrogeológicos e vulnerabilidade demonstrou a compatibilidade entre as ilhas cársticas (alta vulnerabilidade) e a maior potencialidade espacializada do aquífero. Assim, faz-se necessário uma maior atenção a essas áreas diante da elevada susceptibilidade à contaminação do aquífero Salitre. Essa pesquisa preencherá uma lacuna no conhecimento hidrogeológico dos domínios cársticos e sua gestão ambiental no estado da Bahia.